Palavra do Presidente |
Além do Emprego
Trechos da palestra proferida em 03 de Dezembro de 2002 pelo Fundador e Presidente do Grupo Accor no Brasil e Diretor-geral da Accor América Latina, Firmin António, aos profissionais da imprensa da VI Turma do Master de Jornalismo para Editores
“Temos atividades espalhadas por todo o País, em cerca de 4.000 Municípios deste vasto território...
Empregamos pessoas de todos os estratos sociais, de todas as profissões, de escolaridade diversa, do básico ao MBA. Nós temos muito orgulho dos empregos que geramos: 26.700 empregos precisamente, em 26 anos de atividade neste País. Uma média de 2.000 novos empregos por ano, nos últimos 5 anos.
Temos uma Universidade Corporativa há 10 anos, a Academia Universidade de Serviços, que forma pessoas para o trabalho e para a vida e que, em 2002, está ensinando cerca de 19.000 colaboradores através de seus programas, tanto técnico, quanto de cultura empresarial.
São pessoas com a "cara do Brasil", na sua maioria simples, mas com uma enorme vontade e prazer de SERVIR. Algo que não se vê em muitos outros lugares do planeta. Este é um Capital, um ativo, uma força que o Brasil tem, natural, disponível, à espera de quem o souber valorizar, de quem lhe dê trabalho e desafios.
Provavelmente, o único Capital com garantia de retorno permanente. Gente positiva, que quer participar e ser Incluída neste País de Exclusão, perigosamente EXCLUDENTE, diria...
Estou querendo dizer-lhes que, como Empresário e como Indivíduo, considero que o exercício da Responsabilidade Social está no DNA das Empresas, além de implícito na sua Constituição formal, de acordo com a Lei.
Senão, por que o principal documento de constituição de uma empresa se chamaria CONTRATO SOCIAL? Senão, por que o 1º artigo desse contrato se chamaria OBJETO SOCIAL?
OK, as realidades na prática são muitas vezes diferentes. Fruto talvez da Economia Global, dos blocos econômicos em pé de guerra, do imediatismo das Bolsas de Valores, do vale-tudo da manipulação dos Balanços, dos lucros exorbitantes do sistema financeiro, etc., etc.
Tantas agressões à finalidade empresarial original, que levam ao terrível desespero de quem perde ou de quem não encontra emprego. Ou pior, de quem vive o emprego como um lugar de frustrações, em vez de esperança e de progresso pessoal e social como deveria ser. Como o mundo mudou e evoluiu, se sofisticou tecnologicamente, de um lado, mas como também virou humanamente indigesto, duro e implacável, por outro lado.
Esta é uma ERA de Criatividade e Inovação extraordinárias. Mas, também, uma ERA de Imediatismo e de Exclusão que faz medo.
Mas o Homem, e os Empresários em primeiro lugar, descobrirão que a fórmula do progresso nesta sociedade do conhecimento está na Inteligência e no valor do Trabalho. Portanto, nada mais lógico que o despertar das Empresas para o patrimônio humano e o conseqüente revigoramento da responsabilidade social, de par com a criação de riquezas.
Eu sei que muitas empresas apoiam projetos sociais belíssimos. Nós mesmos, na Accor, participamos de alguns. No entanto, sabemos que há ainda muito por fazer. Mas, particularmente, tenho a convicção de que é na própria empresa que se consolida a causa social. A empresa deve ser uma célula de inclusão.
Penso que a empresa não representa apenas emprego e salário. Nela, as pessoas acalentam sonhos, porque ambicionam ser bem sucedidas. Nela, as pessoas projetam o seu futuro e se põem a enfrentar desafios e assumir responsabilidades. Cabe à empresa consciente do seu papel social motivar e reconhecer os seus colaboradores. E essas ações, aparentemente muito simples, operam milagres
Eu diria que é na empresa que o excluído social do século 21 tem a oportunidade única de aprender a importância do relacionamento interpessoal. Mas, aprende também noções práticas de coisas que, se para nós parecem óbvias, são profundamente significativas e modificadoras para os menos favorecidos: noções de higiene, de nutrição, de boa aparência, e de cidadania, por exemplo.
E o ambiente da empresa, no qual o indivíduo passa a maior parte do seu dia, também se permite ser fonte de lazer, de cultura, de troca de informação, de equilíbrio entre trabalho e vida.
Assim, além do emprego, a empresa pode contribuir para uma melhor compreensão da vida, maior aproveitamento do conhecimento e ainda ser veículo dessas transformações profundas, ao partilhá-las com a família e a sociedade.
Se um dia me aposentar, ou se um dia me aposentarem, eu vou querer ser formado em Jornalismo, para escrever sobre a relevância do papel das Empresas na Sociedade Moderna.
Mas, também, sobre suas carências, miopias, excessos, desperdícios, falhas e desvios à sua missão, desvirtuamento da sua finalidade como células da economia e da sociedade, por se esquecerem do seu OBJETO SOCIAL. Porque seus "líderes", em algum momento, se esqueceram que a empresa só é ÚTIL e DURARÁ, se equilibrar a sua Responsabilidade Econômica (lucro) c/a sua Responsabilidade Social (a Integração).
Entretanto, e qualquer que seja a VISÃO POLÍTICA, ou a eficiência da PRESSÃO DA SOCIEDADE por MUDANÇAS PROFUNDAS JÁ, faço um apelo à moda dos ecologistas: "SALVEM AS EMPRESAS..."
Só elas, em qualquer cenário, garantirão o tal desejado CRESCIMENTO. Só elas criarão os empregos dos quais vivemos. Só elas pagarão os Impostos crescentes necessários à sobrevivência dos sistemas de Saúde, Educação, Aposentadoria etc.... Por isso, acredito que, de todas as reformas e, nomeadamente aquelas que reduzam a médio prazo: o tamanho do Estado e de seu custo; a carga fiscal sobre a produção; o custo do dinheiro etc., a Reforma que a Curto Prazo seria mais simbólica para mim seria a da Legislação Trabalhista, arcaica entre as arcaicas...”
por Firmin António
3 comentários:
Nós trabalhadores da área de alimentos e bebidas do Hotel Mercure Itacorubi, também colaboradores, acreditamos nestes ideais. Sentimos apenas, como terceirizados, não termos acesso as mesmas oportunidades de crescimento e valorização de nosso trabalho. Somos mais que uma empresa, somos uma família, da qual depende muitas outras.
Estamos tão juntos e ao mesmo tempo tão distantes.
A Hotelaria Accor Brasil S/A, através da terceirização de restaurantes em seus hotéis, descobriu uma maneira muito eficiente de sonegar impostos, transferindo a sonegação de impostos aos terceirizados, que mesmo considerados arrendatários, quando interessa a Accor, não declaram nem mesmo os 10% do faturamento bruto, cobrado pela administradora a titulo de aluguel, mas considerado pela Accor, em seus recibos, como comissão de 10% para a Hotelaria Accor Brasil S/A e para as Sociedades por Cotas de Participação. Além disto instruem os terceirizados a não declarar o faturamento bruto, pois inviabilizaria o restaurante.
Esperamos que a Receita Federal tome conhecimento destes mecanismos danosos para toda a sociedade e passe a fiscalizar não só este tipo de sociedades, mas também os terceirizados que gravitam a sua volta, muitos levados a sonegação, a falência, e ao não pagamento de tributos e direitos trabalhistas, garantindo a impunidade destas corporações inescrupulosas, e transferindo as dividas para pequenas empresas que fecham e desaparecem com suas dividas.
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